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quarta-feira, 7 de março de 2012

Desconstruindo estereótipos indígenas e a programação infantil das mídias


Marina Cândido Marcos, indígena Terena, nasceu em Campo Grande-MS-Brasil, 11/11/1984, estudante de Geografia


Os estereótipos são as manifestações das mais antigas em nossa cultura, pois estão nos contos de fadas, nas narrativas populares e na medida em que ela vem sendo repetida ao longo dos tempos se tornam frases feitas e vem ao nosso primeiro pensamento.  
E, isso acontece com os povos indígenas, com os “indiozinhos da floresta”, através da mídia, pela própria escola e pela nossa própria cultura familiar. Para exemplificar, temos os desenhos infantis, programas, etc.


Os desenhos infantis trazem uma séria de estereótipos relacionados ao índio, como vemos por exemplo o Pica Pau, em que ele traz o índio americano de forma deturpada, fazendo a “dança da chuva”, usando as palavras “mi” “quer” e reforça o estigma do índio americano, peles-vermelhas, colocando assim como sendo uma única cultura. 


O programa Cocoricó traz um vídeo chamado “Tudo mundo fala a língua de índio”, que traz este estigma e sem falar na famosa música da Xuxa, e que todo dia 19 de abril toca nas escolas, com crianças pintadas de índio e fazendo danças em circulos.


Atualmente tem um DVD muito famoso chamado galinha pintadinha que traz uma música intitulada “Indiozinhos” – “1,2,3 indiozinhos...” E, traz uns macaquinhos pendurado na árvore fazendo “úúúúú” com a mão sobre a boca.


 Isso só vem reforçar na mente infantil os estereótipos do índio, como colocada na música, o indiozinho na canoa e com os macaquinhos cantando! E isso acaba naturalizado na mente das crianças, se tornando senso comum.


Há um grande número de material didático que conta a história dos povos indígenas, é desse material que as escolas precisam. Exemplo como: o Vídeo nas Aldeias é um projeto que traz uma série de vídeos sobre a cultura indígena e assim fortalecendo suas identidades indígenas. 


Livros como dos escritores indígenas Daniel Munduruku, Olivio Jekupe Yaguarê Yamã, Roni Wasiry, entre outros, que trazem a literatura infantil indígena.
E o grupo da qual faço parte juntos com outros acadêmicos indígenas, que é o Índio Educa (www.indioeduca.org), um portal que tem como foco, trazer a cultura indígena, a partir de nossa visão, e pode ser encontrado diversos materiais didáticos, e pode ser aproveitado pelos professores e alunos. Temos uma lei que obriga a incluir o ensino “Historia e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, porém é pouco explorado em sala de aula. É importante estar criando esse diálogo com a sociedade, começando em sala de aula, pois é lá que os alunos acabam por fantasiar a figura do “índio genérico”. 


Acredito que trabalhos como dos escritores indígenas, dos vídeos, do Grupo Índio Educa, só vem a trazer uma nova visão para os não indígenas, e estar desconstruindo essa visão estereotipada com a história e cultura indígena.  


Sou da etnia Terena, moro atualmente em Naviraí, sou de Campo Grande. Estou cursando Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados. Trabalhei junto com as mulheres indígenas no Conselho Nacional de Mulheres Indígenas, onde tive grandes experiências e pude conhecer mais sobre outros povos, outras histórias, trabalhar com as mulheres indígenas foi muito enriquecedor para mim e onde originou um livro que narra a trajetórias de lideranças mulheres, um livro chamado Natyseno- Trajetória, Lutas e Conquistas das Mulheres Indígenas.
Através desse trabalho, abriu outras oportunidades e novas experiências. Logo depois então passei ser suplente no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, juntando a luta da mulher indígena com as mulheres não indígenas. 

Atualmente faço parte do Grupo: 
Um longo caminho que tenho para estar alçando meus objetivos, tanto nos estudos como na luta indígena.
Contatos:  e-mail:  marinac.marcos@yahoo.com.br 
www.indioeduca.org
twitter: @MarinaMarcos1



 "Vídeos nas Aldeias": apresento aqui os links para quem tiver interesse de ver, pesquisar e conhecer a temática. 

Site do Projeto "Vídeos nas Aldeias": http://www.videonasaldeias.org.br/2009/index.php


Canal do Projeto no Youtube: http://www.youtube.com/user/VideoNasAldeias


2 comentários:

  1. obrigada por disseminar! =)
    Marina

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  2. olá
    gostaria de saber onde encontro esse artigo em Pdf, gostaria de citar vocÊ no meu artigo.

    Grata!

    Mirna Anaquiri

    ResponderExcluir