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sábado, 2 de dezembro de 2017

[...nos mantemos sempre em movimento, sempre criando, rompendo, construindo e subvertendo nossos contextos...]



Nos dias 2 e 3 de dezembro, neste fim de semana, ocorre na capital paulista o “VI Festival do Filme Anarquista e Punk de SP”. Para falar um pouco dessa sexta edição, conversamos com Marina Knup, uma das organizadoras do Festival. Confira a seguir.

Agência de Notícias Anarquistas > E aí, qual é a expectativa para mais uma edição do Festival do Filme Anarquista e Punk de SP? Tudo pronto?
Marina Knup < Quase tudo pronto, os corres nunca acabam! (risos) Mas esse ano vamos organizar o Festival pela primeira vez no Centro de Cultura Social, um espaço autônomo que tem muitas contribuições históricas pro anarquismo na cidade, e com essa mudança de local, também mudamos um pouco algumas dinâmicas da estrutura do evento, buscando experimentar outras formas pro Festival. Então vão ser novos aprendizados pra gente também!

ANA >Você tem notado um crescimento na produção de filmes anarquistas-libertários-antiautoritários no Brasil, mundo afora? Qual é a importância do Festival no incentivo à produção desse tipo de obra?
Marina < Cada vez mais a linguagem do audiovisual tem sido usada com as mais diversas finalidades em movimentações punks, anarquistas e libertárias em geral, seja na produção de filmes, seja dando outros usos às câmeras. E isso para muito além de apenas um círculo de pessoas com conhecimentos acadêmicos ou técnicos mais profundos - a ideia de faça-você-mesma se aplica muito ao audiovisual: pessoas e coletivos que sentem a necessidade de expressar suas ideias e propostas por meio do vídeo, e que se aventuram a aprender na prática.
Todos os Festivais de filmes anarquistas e punks mundo afora, assim como os cineclubes e outras mostras de filmes fora dos circuitos comerciais, contribuem muito na difusão destas produções – que para além da internet nem sempre encontram um circuito constante de exibição. A partir do momento em que estes Festivais e circuitos de exibição alternativa dão visibilidade às produções especificamente focadas no anarquismo, trazendo reflexões sobre como se dão essas produções e tantas outras inquietações a respeito, com certeza, acabam cumprindo também este papel de incentivar novas produções.
Quanto ao nosso Festival aqui em SP [São Paulo] e as mostras itinerantes que fizemos em outros estados do Brasil, ficou bastante visível que isso realmente acontece – seja por algumas pessoas que todos os anos produzem um curta ou filme para lançar durante o Festival anual, seja pelas mostras que vão surgindo em outros locais e que apoiamos sempre que podemos.

ANA > O público vem crescendo com o passar das edições?
Marina < Isto na verdade não tem sido algo constante. Em algumas edições muitas pessoas circularam durante os dias de Festival, em outras menos – e sempre tem as que comparecem todos os anos. Em partes avaliamos estas variações de frequência como consequência de épocas com muitas atividades e movimentações sociais pela cidade, ou mesmo por mudanças de locais mais ou menos distantes, dentre outros pontos. Mas sem dúvida, as duas primeiras edições foram as mais cheias!

ANA > Quais são os filmes em destaques do Festival deste ano?
Marina < Acho que todos os filmes merecem destaque, já que enquadram o anarquismo/punk/feminismo de diversos contextos diferentes, compartilhando vivências distintas e que sempre agregam muito a nós que estamos em outros contextos ainda. Esse ano vão rolar tanto filmes feitos no nordeste do Brasil sobre movimentações okupas e anarcopunks, quanto filmes em memória a companheirxs que morreram no Chile em duas ocasiões distintas, documentários sobre movimentações libertárias e DIY no Equador, São Paulo, Europa, e outros especificamente focados no protagonismo das mulheres no punk inglês, em suas comunidades latinas nos EUA, ou em guerra em Rojava, além de curtas experimentais que focam os processos de gentrificação, a necessidade de mudanças, ou problematizando o discurso de “mais amor” a partir da ótica anarquista. Enfim... a programação completa está no nosso site – anarcopunk.org/festival! Dêem uma olhada e assistam os filmes se possível, parte deles já está na internet, outra parte deve ir mais pra frente. (risos)

ANA > A maioria dos filmes são ficcionais ou documentários? Aliás, os documentários dominam a cena, não? É mais "barato" produzir um documentário que um filme ficcional?
Marina < Este ano quase todos os filmes são documentários, mas em anos anteriores recebemos muitos filmes experimentais e de ficção, que renderam sessões específicas para dar mais destaque a eles. Realmente a linguagem documental tem sido muito mais usada, pelo menos no que conhecemos de produções recentes. Acho que um ponto pode ser realmente a questão de ser mais “barato” - embora tenham pessoas fazendo ficção/experimentais de forma faça-você-mesma, contando só com a criatividade e força de vontade. Mas, acho que talvez um outro ponto é que tem-se dado muita importância ao audiovisual como forma de registro de nossas histórias, memórias e iniciativas passadas ou recentes – e aí as pessoas acabam encontrando no documentário uma boa ferramenta pra contar tudo isso.

ANA > Como uma das organizadoras do Festival, quais são as dificuldades encontradas para viabilizá-lo e como seria possível facilitar a realização desses eventos em outras cidades?
Marina < Como fazemos absolutamente tudo de forma faça-você-mesma, sem financiamentos, editais ou verbas, e somente contando com nossas próprias forças, as dificuldades são muitas. Temos que pensar em todo o processo de inscrições de filmes, depois seleção dos filmes inscritos – o que as vezes gera bastante debate interno -, traduções e legendagem para os filmes em outros idiomas, organização da programação, divulgação, produção do catálogo e impressão de material gráfico, camisetas, bottons, etc. – pra não dizer todo o trampo nos próprios dias de Festival. E somos sempre poucas pessoas fazendo muitas coisas!
Nos últimos anos temos tentado apoiar ao máximo a realização de Festivais em outras cidades, então como falei numa pergunta anterior, chegamos a fazer várias mostras itinerantes em parceria com coletivos locais, levando os filmes que exibimos nos Festivais daqui – o que rolou em Brasília, Natal, São Luís, Salvador, Recife, Goiânia, e também uma mostra em solidariedade ao nosso Festival rolou em Berlin somente com filmes sobre a realidade libertária na América Latina. Nosso apoio, nesse sentido, sempre tem sido o de compartilhar filmes, ideias e reflexões – sempre buscando fortalecer a movida de cada lugar.

ANA > O Festival é totalmente autogestionado, não?
Marina < Sim! Ele tem sido organizado desde o princípio pela Anarco-Filmes (projeto audiovisual que levo adiante) e Do Morro Produções, sempre também com apoio e participação de indivíduos de outros coletivos e de pessoas que colam nos dias de Festival para ajudar a gente em todos os corres – como o Projeto Espremedor, que tem apoiado a gente com os equipamentos e corres técnicos desde a primeira edição. E todo o processo de organização dele, como falei na pergunta anterior, é feito de forma autogestiva, faça-você-mesma e horizontal – buscando coletivamente soluções para os problemas e necessidades da organização.

ANA > Para terminar, ainda há muitas histórias anarquistas para contar, ou seja filmar? (risos) Tem alguma história anarquista em especial que gostaria de levar para a telona?
Marina < Acho que sempre vão existir histórias anarquistas pra contar, a partir do momento em que nos mantemos sempre em movimento, sempre criando, rompendo, construindo e subvertendo nossos contextos... E se isso é contínuo, sempre vão surgir novas experiências e aprendizados, coisas que podem ser compartilhadas com outras pessoas. E o registro disso sempre será importante, o vídeo é um meio de capturar estes momentos e memórias, e o alcance disso foge totalmente do nosso controle, o que é muito potente.
Eu especificamente estou há alguns bons anos filmando um documentário sobre a história da movida anarcopunk no Brasil dos anos 90. Muita história pra contar, muita gente Brasil afora pra filmar, e por fim viraram 102 entrevistas que agora vou começar a editar. No momento é nessas histórias que estou focada em contar, mas as ideias de outras produções estão sempre borbulhando na cabeça! (risos)

ANA > Mais alguma coisa?
Marina < Valeu mais uma vez pelo espaço e apoio de sempre! Pra contatos com a gente é só escrever pro festival@anarcopunk.org! Abraços y resistência anarcopunk!

S e r v i ç o:
VI Festival do Filme Anarquista e Punk de SP
Quando: 2 e 3 de dezembro de 2017. Onde: Centro de Cultura Social (CCS-SP). Endereço: Rua General Jardim, 253 – Sala 22. Metrô República, São Paulo (SP).
 

Mais infos: anarcopunk.org/festival

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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Axé do Acarajé, Pola Ribeiro e Raul Lody. (Bra$il, 2015)


DA SÉRIE "O DENDÊ ESTÁ FERVENDO" CONVIDO a CONHECER O NOSSO "AXÉ DO ACARAJÉ":

É UM AMPLO E EMOCIONADO RELATO COM VÁRIAS VOZES DOS TERREIROS, DE CANDOMBLÉ, DAS IRMANDADES, DAS BAIANAS DE ACARAJÉ, UMA ETNOGRAFIA DE BASE SOBRE O TEMA NA BAHIA.

Raul Lody



segunda-feira, 27 de novembro de 2017

UM CINEMA JUNTO AO POVO E A RESISTÊNCIA INDÍGENA

Nesta terça-feira, 28 de novembro, começa em vários espaços de São Paulo o evento CINEMA BOLIVIANO: VOZES COMUNITÁRIAS E OLHARES INSURGENTES, com curadoria de Cristina Beskow e Nicolau Bruno, produção da Associação Cultural Fábrica de Cinema e da Buena Onda Produções, realização da Fundação Rosa Luxemburgo, Prefeitura de São Paulo, Circuito Spcine e Centro Cultural São Paulo, apoio inestimável da Fundación Grupo Ukamau.

Faz parte do evento a mostra JORGE SANJINÉS: UM CINEMA JUNTO AO POVO. POLÍTICA, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA INDÍGENA NA BOLÍVIA, que estará no Centro Cultural São Paulo (CCSP - Rua Vergueiro, 1000, Liberdade) até domingo, 03 de dezembro

Desde a década de 1960, Jorge Sanjinés (1936-) produz um cinema junto às comunidades indígenas, sendo o primeiro cineasta boliviano a incorporar as línguas quéchua e aymara nos filmes do país. Seus filmes foram estopim, referência e inspiração das produções do movimento Nuevo Cine Latinoamericano, junto ao brasileiro Glauber Rocha, aos cubanos Tomás Gutiérrez Alea e Julio García Espinosa, aos argentinos Fernando Birri e Fernando Solanas, entre tantos outros pelo continente.

A mostra traz nove filmes do realizador, incluindo sua produção mais recente Juana Azurduy, guerrilheira da pátria grande (2016), que estreou no Festival de Berlim; o clássico O inimigo principal (1973) em 35mm; e todas as outras cópias renovadas digitalmente em sua primeira exibição ao público. É a maior retrospectiva já realizada no Brasil do mais importante cineasta boliviano.

No sábado, 02 de dezembro, às 17h00, o CCSP ainda recebe a conferência 50 ANOS DO NUEVO CINE LATINOAMERICANO E O CINEMA "JUNTO AO POVO" DE JORGE SANJINÉS, com as professoras Dra. María Aimaretti (Universidad de Buenos Aires) e Dra. Yanet Aguilera (UNIFESP).

Na quinta-feira, 30 de novembro, às 19h00, haverá uma sessão especial de Juana Azurduy na Casa do Povo (Rua Três Rios, 252, Bom Retiro).

Destacamos ainda a sessão-debate VOZES COMUNITÁRIAS E OLHARES INSURGENTES que acontece na sexta-feira, 01 de dezembro, às 19h00, no Cine Olido (Av. São João, 473, Centro), com Ivan Sanjinés, diretor e fundador do Centro de Formação e Realização Cinematográfica (CEFREC), organização que atua há 28 anos junto às comunidades indígenas da Bolívia pela construção de um cinema comunitário.

TODAS AS ATIVIDADES SÃO GRATUITAS.

Para conferir a programação e acompanhar as novidades:

Agradecemos a divulgação e esperamos vê-l_s em breve!


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