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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cinema na Argentina: produção e ensino, segundo Eliseo Subiela

A Plataforma de Reflexão sobre o Audiovisual Latino-Americano (PRALA),
em parceria com o CINESUL 2013 - 20º Festival Ibero-Americano de
Cinema e Vídeo, convida para uma:
CONVERSA COM O CINEASTA ELISEO SUBIELA.

O realizador argentino irá falar sobre a sua carreira cinematográfica e a sua experiência docente na área audiovisual.

Local: IACS-UFF / Sala C 211
QUINTA - FEIRA , 06 de junho - 18:00


Eliseo Subiela é um premiado cineasta argentino que possui uma obra
extremamente singular. Diretor, roteirista e produtor, seus filmes
abordam os dilemas do amor, o encantamento da beleza e a busca da
autocompreensão, sob um profundo olhar poético, com forte carga de
erotismo e de doses de humor, dialogando com influências literárias,
como Roberto Arlt, Mario Benedetti e Alejo Carpentier, assim como
heranças cinematográficas, como Alain Resnais, Jean-Luc Godard e
Leonardo Favio.

Após estudos incompletos na Faculdade de Filosofia e
Letras da Universidade de Buenos Aires e na Escola de Cinema da
Universidade Nacional de La Plata, dirige o seu primeiro curta aos
vinte anos de idade, em 1966. Estreia no longa-metragem com "La
conquista del paraíso", em 1980, estrelado pela atriz brasileira Kátia
D’Angelo. Ganha fama internacional com "Hombre mirando al sudeste",
que é aclamado do Brasil ao Japão, da Austrália à Alemanha.


Ao lado dos longas "Últimas imágenes del naufrágio" e "El lado oscuro del
corazón" (partes 1 e 2), é considerada uma trilogia. A partir dos anos
1990, com o seu quarto longa, "No te mueras sin decirme adónde vas",
prolonga seu estilo, mas segundo alguns críticos para uma abordagem
sobre o amor maduro, não um amor tão mórbido.
 
Seu último
filme,"Paisajes devorados" (2012), é protagonizado por Fernando Birri,
um dos mentores do 'Nuevo Cine Latinoamericano' e fundador da mítica
Escola de Cinema de Santa Fé, em 1956. Em 1994, Subiela funda a
Escuela Profesional de Cine, que dirige, segundo suas palavras, com a
mesma honestidade como encara o desafio de realizar os seus filmes.

Durante o CINESUL 2013, que será realizado dos dias 4 a 16 de junho,
no Centro Cultural Banco do Brasil e na Cinemateca do MAM, no Rio de
Janeiro, haverá uma mostra de filmes de Subiela.

+ Infos:

http://www.eliseosubiela.com/

http://www.escueladecinesubiela.com/

http://www.uff.br/lia/

http://www.cinesul.com.br/

Produção audiovisual indígena em debate

Chile: Coloquio “Producción audiovisual indígena y de temática indígena en Chile”

Publicado originalmente em:  http://www.yepan.cl/chile-coloquio-produccion-audiovisual-indigena-y-de-tematica-indigena-en-chile/

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domingo, 26 de maio de 2013

Cultura Popular Nordestina na tela


Chico Liberato e o desenho animado do sertão


Em tempos de cultura digital e global e filmes movidos a inovação tecnológica, Chico Liberato lançou este ano, aos 76 anos, seu novo longa de desenho animado inspirado em uma lenda tradicional da cultura nordestina. Para aqueles que nunca ouviram falar desse grande artista brasileiro, eu tenho o prazer de lhes apresentar uma pequena introdução à sua obra.

Cena do curta metragem “Alexandrino”
Nascido em 1936 em Salvador da Bahia, Francisco Liberato de Mattos aprendeu a pintar sozinho aos 10 anos. Pintura e gravura foram suas primeiras formas de expressao artistica. No seu traço, o colorido e a vivacidade da arte popular. Como tema, a natureza, o folclore, a literatura de cordel e a maior inspiração de outros tantos grandes nomes da arte brasileira – o sertão. Em todos os seus trabalhos, Chico usa e faz defender a linguagem da arte popular e tradicional da Bahia. Suas obras já foram expostas em exposições coletivas e mostras individuais no Brasil e pelo mundo.
Um artista multimídia, ainda que a palavra venha sendo tão mal utilizada, é um aposto que realmente define Chico Liberato. Começando com pintura, desenho, escultura, seu trabalho mais prestigiado é no cinema. Com o desenho animado, Chico ganhou reconhecimento internacional e produziu um trabalho único voltado para a identidade cultural brasileira. Seu primeiro curta metragem é de 1973 e chama-se Ementário. Sempre de produção independente, Chico Liberato lançou na sequência outras 7 animações de curta metragem, até 1985 quando lançou sua grande obra prima, o longa Boi Aruá. Uma preciosidade na historia do cinema brasileiro, foi o primeiro desenho animado nordestino lançado, e um dos cinco primeiros no Brasil. O filme conta a lenda popular do Boi Aruá, e fez parte de uma longa pesquisa sobre a cultura popular do Nordeste. Tendo como referência no estilo de desenho e na prosa a Literatura de Cordel, o filme expressa a riqueza cultural do povo simples, a fé, determinação e fraternidade  para se  vencer as dificuldades da vida no agreste. Na dublagem, foram  utilizadas falas de vaqueiros e sertanejos da região de Monte Santo, vizinha de Canudos. O filme foi pioneiro no Brasil em combinar o audiovisual – a linguagem do desenho animado – com a cultura popular, e capta com inocência e muita beleza a identidade do povo brasileiro. Laureada em festivais no Brasil e exibida internacionalmente, a produção levou um prêmio especial da Unesco, “Referência de Valores Culturais para a Infância e Juventude”.

Cena de Boi Aruá

No seu traço, o colorido e a vivacidade da arte popular. Como tema, a natureza, o folclore, a literature de cordel e a maior inspiração de outros tantos grandes nomes da arte brasileira – o sertão.
Depois de Boi Aruá, Chico Liberato lançou outros 3 curtas metragens no final dos anos 80 e anos 90, assim como tantos outros cineastas, tentando sobreviver num período negro para o cinema brasileiro, quando as verbas eram quase inexistentes. Conciliando a diretoria do Museu de Arte Moderna da Bahia ate 1990, continua pintando, e esculpindo. Sempre entre os maiores nomes da arte nacional, Chico tomou como meta criar um pólo de produção de desenho animado na Bahia. Sua filha Cândida criou Liberato Produções, estúdio que produziu o último longa metragem de Chico, Ritos de Passagem, lancado este ano no festival Anima Mundi no Rio de Janeiro. O filme segue o imaginário das sagas heróicas de Gil Vicente, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha e conta a história do Santo e do Guerreiro no sertão nordestino. Uma reflexao sobre nascimento, batismo, transição da juventude para a idade adulta, morte e transcendência; o filme tambem possui rica e criativa linguagem visual, além da belíssima trilha sonora. Um trabalho produzido com cuidado e extremamente poético, este filme de Chico está entrando no circuito de festivais de cinema.
Altamente recomendável para todos os artistas, espero que a obra de Chico traga inspiração e influencie a estar sempre buscando produzir, evoluir nas formas de expressão artística sem esquecer as tradições e raízes.

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Cinema e ópio das massas


A 4a edição do Festival Festival de Cinema de Futebol CINEFoot será realizada no Rio de Janeiro, de 23 a 28 de maio no Espaço Itaú de Cinema, Praia de Botafogo e no CCJF, e em São Paulo, o de 6 a 11 de junho no Museu do Futebol e no Espaço Itaú de Cinema Augusta.
Três documentários franceses fazem parte da programação 2013 com destaque para o filme Os Rebeldes do Futebol (Les Rebelles du Foot) realizado por Gilles Perez e Gilles Rof. No filme, Eric Cantona retrata o percurso de jogadores que se opuseram ao poder e tornaram-se figuras de resistência, além de seu talento esportivo: Mekloufi, Sócrates, Pasic, Caszely e Didier Drogba. O filme será apresentado nas noites de abertura no Rio de Janeiro e São Paulo no âmbito de uma homenagem ao jogador brasileiro Sócrates.
Um Olhar sobre os Azuis (Les Yeux dans les Bleus) de Stéphane Meunier - que acompanha o time de futebol francês rumo à vitória na Copa do Mundo de 1998, com uma visão muito íntima - e A Vez das mulheres (Ladies's Turn) que acompanha a competição do torneiro feminino de futebol do Senegal.
O CINEFoot voltará de 15 a 30 de junho com uma edição especial "Copa das Confederações" no Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Recife!CINEfoot - Festival de Cinema de Futebol




Datas 2013: 23 a 28 de maio (RJ) :: 6 a 11 de junho (SP)
Entrada Franca 

** Outras Informações:
Site: www.cinefoot.org
Página: http://www.facebook.com/CINEfoot


MúsicA das BARRICADAS de MAIO de 1968

Morreu George Moustaki
O cantor francês de origem grega Georges Moustaki morreu hoje aos 79 anos em Nice, revelou o jornal Le Monde. 
Nascido em Alexandria, no Egito, filho de pais gregos, Giuseppe Mustacchi, a que adotou o nome artístico Georges Moustaki, tinha-se retirado dos palcos em 2009, por causa de uma doença incurável nos brônquios, que o incapacitou de cantar.
Em 2008, um ano antes de se retirar, atuou na Casa da Música, no Porto, e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Na altura, em entrevista à agência Lusa, recordou a "grande cumplicidade" com o público português.
Considerado umas das vozes do Maio de 1968, época em que compôs "Météque", Moustaki afirmou à Lusa que dessa revolução "resta uma certa arte de viver, um certo código ético que, mesmo que não seja unânime, impregnou-se na nossa cultura".

Fez parte de um grupo de grandes cantores franceses, que se qualificavam a si próprios de libertários, como George Brassens, Jacques Brel, Leo Ferré ou Boris Vian.


Adiós maestro. Me quedo con tu música eterna, que nunca morirá. Adieu poete...un homme hours du commun!

Deixou-nos este Grande Senhor...Paz à sua alma...até um dia!


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Filmes de mulheres e conflitos sociais


Divulgando a programação da 21 edição da Mostra Internacional de Filmes de Mulheres de Barcelona e fazendo parte da mesma, o Fora de Programa do CCCB (Centre de Cultura Contemporània de Barcelona) projetará três filmes sobre conflitos sociais dirigidos por mulheres.

En el marc de la 21a edició de la Mostra Internacional Films de Dones de Barcelona i en col·laboració amb la Mostra, el Fora de Programa del CCCB projectarà tres documentals sobre conflictes socials dirigits per dones.
 
Lluny dels titulars i després dels seus moments àlgids, els conflictes referits en els films d’aquest programa continuen fent palesa l’existència de temes oberts i de situacions no resoltes que semblen poc importants en les agendes mediàtiques.

Comencem divendres 24 de maig a les 19h

+ INfos:  #desprésdelconflicte #foradeprograma al CCCB
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http://www.antrocine.blogspot.com.br/2013/02/cinema-e-feminino.html
http://www.antrocine.blogspot.com.br/2013/03/cinema-feminino-entre-portugal-e.html

Cinema e Sexo

Cineasta gera polêmica ao dizer que pornografia faz bem à sociedade

A cineasta Anna Arrowsmith, conhecida como Anna Span

"Sou pró pornografia porque não ser é o mesmo que entregar o sexo e a visualização do sexo aos homens", declara a cineasta feminista Anna Arrowsmith



"Na pornografia ninguém faz amor, todo mundo faz o ódio", declarou a feminista Gail Dines. E embora nem todos expressem suas opiniões de forma tão radical, quando se trata desse tema, o consenso entre a maioria parece ser de que pornografia não é algo bom. Eis que entra em cena a cineasta feminista Anna Arrowsmith, que há alguns anos vem defendendo a opinião contrária: "A pornografia é boa para a sociedade".
Na indústria do chamado "cinema adulto", Arrowsmith, conhecida como Anna Span, se destaca por ser a primeira britânica a dirigir um filme pornô, a produção "Eat me/Keep Me", lançado em 1999. Mas a defesa da pornografia não parece responder a um mero interesse comercial da cineasta, que no momento não está fazendo cinema. Anna Span disse que sua missão é incentivar mais gente a entrar no mundo da pornografia.

Dinheiro e Libertação

Devido à sua posição um tanto quanto polêmica, Span é, volta e meia, convidada a participar de debates sobre o assunto. No mais recente, ocorrido em Londres, ela enfrentou nada mais nada menos do que um dos símbolos do movimento feminista na Grã-Bretanha hoje: a escritora e acadêmica Germaine Greer.

Span não tinha motivos para se intimidar. Ela é formada na prestigiosa escola de arte Central Saint Martin's School of Art and Design, em Londres, tem mestrado em Filosofia pelo Birkbeck College e atualmente faz um curso para receber um diploma em Estudos de Gênero na University of Sussex. Ela define os filmes que faz como "pornografia feminista". "Eu era contra a pornografia. Mas um dia, na década de 80, estava caminhando por Soho (área no centro de Londres onde há uma grande concentração de sex-shops e casas de strip tease) e enquanto olhava as lojas e bares me dei conta de que minha raiva era mais inveja", contou Span.
"Eu tinha inveja da liberdade dos homens. Suas necessidades sexuais eram atendidas de tantas formas diferentes! Foi assim que me converti a favor da indústria do sexo. Sou pró pornografia porque não ser é entregar o sexo e a visualização do sexo aos homens". A feminista Germaine Greer discorda. Em entrevista  ela argumentou que pornografia "tem a ver com dinheiro, não libertação. A obscenidade tem um papel importante na arte, assim como na arte erótica, mas a pornografia estritamente falando não é mais do que uma maneira de fazer dinheiro", disse.

'Literatura da Prostituição'

Para Greer, o problema com a pornografia é que "é uma indústria imensa, que move enormes quantidades de dinheiro. E sempre foi assim, porque a pornografia é a literatura da prostituição". Greer esclareceu que sempre advogou que a sexualidade seja incorporada na narrativa da vida cotidiana, em vez de ser confinada a uma indústria. Esse também parece ser o objetivo de Span.
No entanto, ela não se incomoda que o ponto de partida para que se alcance esse objetivo seja essa indústria. "Parte do meu trabalho é normalizar a pornografia", explicou. "As feministas antipornografia dizem que isso é perigoso, mas quanto mais normal ela for, mais peso terá a influência das mulheres na indústria e mais elas aprenderão sobre o sexo. Para mim, isso é totalmente positivo".

Defesa da Pornografia

Em primeiro lugar, a cineasta diz que a pornografia serve para manter os casais unidos. "Por exemplo, quando um dos parceiros tem uma libido mais alta, a pornografia preenche aquela lacuna, evitando que aquele que sente mais necessidade tenha que aborrecer o outro, ir satisfazer seu desejo sexual em outra parte ou terminar a relação".
"Em segundo lugar, ela liberalizou nossas atitudes em relação à atividade sexual. Até pouco tempo, particularmente entre as mulheres, havia um sentimento de vergonha se faziam algo que não era convencional". A pornografia estaria, portanto, desempenhando um papel educador: cada vez mais mulheres têm acesso à pornografia, aprendem e entendem mais. O conhecimento traz consigo a liberdade.
Porém, refutam alguns nomes de peso do movimento feminista, o efeito pode ser completamente oposto. Elas temem que agora as mulheres se vejam obrigadas a fazer coisas que não querem fazer, a se comportar e se ver de uma maneira que esteja de acordo com a imagem que esse tipo de filme mostra. "Do meu ponto de vista, essa visão subestima a força da mulher. Essas críticas vêm de uma posição feminista que considera a mulher uma vítima. Para mim, esse ponto básico do argumento é incorreto", responde Span.
Estatísticas divulgadas em 2008 pela empresa multinacional de pesquisa de comportamento Nielsen revelaram que 30% dos consumidores de pornografia na internet são mulheres. "É uma questão de escolha. Queremos evitar que as mulheres façam coisas ou incentivá-las a correr riscos? Além disso, muitas jovens hoje estão mais à vontade com sua sexualidade e sabemos que nos países onde há mais liberdade sexual as mulheres têm mais direitos sociais", reflete a cineasta.

Democratização do Corpo

"A pornografia democratiza o corpo. Contrastando com qualquer outro gênero cultural, ela tem uma apreciação muito ampla, especialmente da figura feminina. Infelizmente, quando representada pela indústria convencional, a imagem sempre é de uma ruiva com seios grandes etc", analisa Span. "A mídia convencional poderia aprender muito com a pornografia nesse sentido e eu acredito que as mulheres estão representadas de forma mais honesta e com mais equidade na pornografia."
A pornografia para mulheres é celebrada anualmente durante o Feminist Porn Awards, um evento que premia filmes pornográficos feitos por mulheres e dirigidos ao público feminino, realizado em Toronto, no Canadá. E cada vez mais cineastas mulheres participam do festival de cinema pornô realizado em Berlim, na Alemanha. "Quando eu comecei, os atores eram poucos e não muito atraentes. Agora, os atores pornô sentem responsabilidade de cuidar de seu corpo, querem se ver bem. E isto é para o público feminino."

publicado em: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2013-05-14/cineasta-gera-polemica-ao-dizer-que-pornografia-faz-bem-a-sociedade.html

terça-feira, 21 de maio de 2013

Cinema Negro - Gênero e Identidade


O curso tem como objetivo abordar a produção de imagens cinematográficas do negro no cinema africano, no ocidente, com ênfase no Brasil, ao longo da sua história, refletindo sobre o caráter ideológico deste processo e as consequências do mesmo nos processos identitários. As formas de produção e difusão de imagens no cinema são abordadas na disciplina, discutindo-se sobre suas estratégias e recorrências, bem como, breve introdução à história do Cinema; a função educativa do cinema; cinema brasileiro; panorama sobre o cinema negro e o negro no cinema; mulheres negras e suas representações nos clássicos do cinema mundial. 

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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Escrita e Cinema

Chamada de artigos/Call for Papers:
MatLit_revista
O Programa de Doutoramento “Estudos Avançados em Materialidades da Literatura” contará em breve com uma revista online, intitulada MatLit. O seu primeiro número será dedicado ao tema «Estranhar Pessoa com as Materialidades da Literatura» e sairá muito em breve. A revista publicará dois números por ano, um na Primavera e outro no Outono.
O nº 2, organizado pelo Subprojecto «A Literatura e a Imagem Técnica» (do Projecto de investigação em «Literatura, Artes e Média» das Materialidades da Literatura), em parceria com o Projecto de Investigação «Falso Movimento. Estudos sobre Escrita e Cinema», coordenado por Clara Rowland, tratará o tema Escrita e Cinema. O prazo para submissão de artigos e recensões termina no dia 31 de Agosto de 2013. Passamos a transcrever o Call for Papers (serão aceites textos em português e em inglês). Mais informações, no final do texto.
MatLit
Revista do programa de Doutoramento «Estudos Avançados em Materialidades da Literatura»
Vol. 1, Nº 2, Outono de 2013: «Escrita e Cinema»
Eds. do número: Clara Rowland (Universidade de Lisboa) e Osvaldo Manuel Silvestre (Universidade de Coimbra)
Na sequência final de Un chien andalou (1929) de Luís Buñuel, o casal passeia pela praia de mãos dadas, no que seria um Happy End perfeito, não fora o último plano, situado na Primavera seguinte, em que do casal parecem restar apenas reproduções em cartão, arruinadas pela natureza. O filme termina pois em pleno imaginário romanesco (melodrama, final duplo, falso happy end), o que ajuda a perceber que, como nota Robert Short, o surrealismo não abandonou a narrativa nem virou costas à «arte de massas», aliás uma boa definição para o cinema nascente, quer em Hollywood quer em boa parte da Europa de então. Un chien andalou, lembre-se, começa com o intertítulo «Il était une fois», e o filme afasta-se das tentativas anteriores da vanguarda Dada ou surrealista no cinema (Man Ray, Desnos, Artaud) justamente por não destruir a produtividade da ideia de «contar uma história». O problema reside aqui mesmo, pois ao recusar a pura experimentação formal que definira até aí a vanguarda, Buñuel não recupera porém aquela versão oitocentista da literatura enquanto «arte de contar histórias para a burguesia», versão contra a qual se virá a erguer o movimento moderno. Lembremos aquele disclaimer de Mallarmé, figura maior da crítica da representação que alimentará a literatura moderna, segundo o qual versos não se fazem com ideias mas com palavras (ou aqueloutro de Valéry, incapaz de escrever frases como «A marquesa saiu às cinco horas»).

O que fica então da narrativa em Un chien andalou? A sabotagem do mecanismo da causa-efeito e, logo, da sequência narrativa, mas ao mesmo tempo a narrativa como teleologia (ou pulsão). Assim como da literatura fica um certo número de tropos – acima de todos a metonímia que nos dá a ver o trabalho do inconsciente – e um famoso efeito de assinatura produzido logo a abrir pelo autor-realizador ele-mesmo por meio de uma navalha de barba. A complexidade com que o filme inaugural de Buñuel aborda as relações entre escrita e literatura, de um lado, e cinema, do outro, situa-se pois muito para lá do quadro tradicional em que os estudos literários conceptualizam essa relação, quase sempre sob a égide da figura da «adaptação», com todas as suas noções de referência (precedência, traduzibilidade, fidelidade, etc.). Inversamente, é possível afirmar que o cinema tende a confundir a literatura, e em especial o romance, com a história, esquecendo ou menorizando as «palavras», para regressar a Mallarmé, e optando pelas «ideias». Contudo, não há cinema, mesmo no precedente histórico do mudo, sem escrita, da pré-produção (o argumento) à pós-produção (que pode ir da crítica à novelização do argumento, como ocorre em vários dos filmes UFA de Fritz Lang ou nos de Spielberg e George Lucas, mas também nos livros que o Godard tardio edita a partir dos textos que escreve para os seus filmes) ou ainda à inscrição no corpo do filme de subtítulos, separadores, citações, etc. (pense-se nos casos maiores de Godard ou Greenaway). E há toda uma tipologia de «inscrições» da escrita em filmes: a produzida pela carta, pelo diário ou pela poesia, no momento da escrita ou da leitura, em tratamento ficcional ou documental. Refira-se ainda um género tão singular como o «filme ensaio», cuja ascendência literária é denunciada logo na sua designação, e cujo procedimento formal herda a inquirição do ensaio enquanto escrita híbrida e epistemologicamente vacilante.

O nº 2 de MatLit abordará uma gama alargada de ocorrências da materialidade e reflexividade da escrita no cinema, tentando reflectir sobre (i) a relação entre escrita e imagem fílmica, as possibilidades de descrição/tradução mútua e os limites semióticos dessa descrição; (ii) a constituição histórica de uma ontologia do cinema por reacção à literatura e o estado actual da questão; (iii) a escrita no cinema, como tema e como inscrição; (iv) o cinema como escrita e linguagem e a linguagem e a escrita como analogias dos processos de significação no cinema; (v) a forma como a materialidade da escrita no cinema nos ajuda a pensar a literatura como inscrição mais do que como ontologia; (vi) a crítica como escrita (sobre o cinema), o lugar historicamente difícil desse «sobre» e a forma como o digital e as novas tecnologias de reprodução ajudam e desajudam a crítica de cinema.
MatLit
 Journal of the Doctoral Program ‘Advanced Studies in the Materialities of Literature’
Volume 1, Issue 2, Fall 2013: ‘Writing and Cinema’
Issue Editors: Clara Rowland (University of Lisbon) and Osvaldo Manuel Silvestre (University of Coimbra)
In the final sequence of Un chien andalou (1929) by Luis Buñuel, the couple is strolling along the beach holding hands, in what would be a perfect Happy End, if it were not for the final shot, set in the following Spring, when all that is left of the couple are cardboard reproductions, ruined by nature. The film ends in novelistic imagination (melodrama, double end, false happy ending), which helps us to realize that, as noted by Robert Short, Surrealism did not abandon the narrative nor turn its back on the ‘art of the masses’ (indeed a good definition at the time for the nascent film form, whether in Hollywood or in much of Europe). Un chien andalou, it should be recalled, begins with the intertitle ‘Il était une fois’, and the film moves away from earlier Dada or surrealist avant-garde films (Man Ray, Desnos, Artaud) because it does not move away from the productivity of ‘telling a story’. This is at the heart of the problem, because by refusing the kind of pure formal experimentation that hitherto had defined the avant-garde, Buñuel is not recovering a nineteenth-century version of literature as ‘the art of storytelling to the bourgeoisie’, the version against which the modernist movement had risen. Let us recall here that disclaimer of Mallarmé – a major figure in the critique of representation that will feed modern literature – whereby verses are not made with ideas but with words (or that other saying by Valéry, unable to write sentences like ‘The marquise went out at five o’clock’ ).
What then is left of the narrative in Un chien andalou? The sabotage of the mechanism of cause and effect, and thus narrative sequence, but at the same time narrative as teleology (or drive). As well as a number of tropes from literature – above all that of metonymy, which allows us to see the work of the unconscious – and a famous signature effect produced at the very beginning by the author-filmmaker himself by means of a razor. The complexity with which Buñuel’s inaugural film addresses the relationship between writing and literature, on the one hand, and cinema, on the other, is situated far beyond the traditional framework in which literary studies conceptualize this relationship, often under the figure of ‘adaptation’, with all its notions of reference (precedence, translatability, loyalty, etc.). Conversely, one can say that film tends to mistake literature, especially the novel, for story, forgetting or minimizing ‘words’, to return to Mallarmé, and opting for ‘ideas’. However, there is no cinema, even in the historical precedent of silent film, without writing, from pre-production (the film script) to post-production (which extends from criticism of the novelization of the screen script, as in several UFA films by Fritz Lang or in films by Spielberg and George Lucas, but also in books that late Godard published based on the texts he had written for his films), or even in the body of the film as subtitles, intertitles, quotes, etc. (Consider the major cases of Godard or Greenaway). And there’s a whole typology of ‘inscriptions’ of writing in films: produced by letters, diaries or poetry at the time of writing or reading, in fictional or documentary treatment. We can mention also a genre as unique as the ‘essay film’, whose literary ancestry is immediately evident in its name, and whose formal process inherits the form of the written essay as hybrid and epistemologically unstable.
Volume 1, Issue 2 of MatLit will address a wide range of occurrences of materiality and reflexiveness of writing in film, trying to think about (i) the relationship between writing and film image, the opportunities for mutual description/translation and the limits of this semiotic description; (ii) the historical construction of an ontology of cinema as reaction to literature and the current state of the question; (iii) writing in cinema, as both theme and inscription; (iv) cinema as writing and language, and language and writing processes as analogies for processes of signification in cinema; (v) how the materiality of writing in film helps us to think about literature as inscription rather than as ontology; (vi) criticism as writing (about cinema), the difficult historical place of this about and the ways in which digital and new reproduction technologies both help and hinder film criticism.
DEADLINE: Article submissions will be due in August 31, 2013, with notifications of acceptance by October 31, 2013. Articles and reviews can be submitted through the journal online submission system. Authors should register and upload their files through the platform. If you have questions, the About section of the journal web site http://iduc.uc.pt/index.php/matlit/about has information on the journal’s scope and submission guidelines. You may also contact one of the issue editors, Osvaldo Manuel Silvestre, at oms.fluc@gmail.com
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