Chamada Pública para o dossiê especial da Revista Cadernos de Arte e Antropologia“Juventude e Práticas Artísticas e Culturais nas Metrópoles”Editores convidados: Andréa Barbosa e José Carlos Gomes da SilvaData final para submissão: 15 de maio de 2012OBSERVAÇÃO: Continua aberta, sem prazos, a chamada para “Artigos”, “Ensaios (audio)visuais”, “Etno-artes”, “Diários de campo” e “Resenhas/Recensões” de outras áreas temáticas, para os próximos números dos Cadernos de Arte e Antropologia.
Cadernos de Arte e Antropologia (www.cadernosaa.ufba.br) é uma revista bianual que enfoca os campos de ligação entre as ciências sociais e as artes. A revista publica, com um sistema de arbitragem por pares, tanto artigos científicos “convencionais” como conteúdos textuais, audiovisuais e multimídia que não se enquadram nos meios habituais da comunicação acadêmica, sempre que estes contribuam decisivamente para debater e questionar as fronteiras entre o campo científico e o artístico, entre o analítico e o sintético, entre o visual e o textual. Procuramos dar expressão, principalmente, a registros (a) de artistas visuais que lidam com a etnografia ou a antropologia enquanto patrimônio conceptual e metodológico; e (b) de cientistas sociais que buscam um convívio próximo com as imagens e a visualidade enquanto repertório empírico, conceptual e experiencial. A revista dá preferência a contribuições que demonstrem um claro enfoque antropológico (ou sociológico) em termos metodológicos, conceptuais, empíricos ou teóricos. Nos casos em que não existe esse enquadramento a comissão editorial avaliará a eventual pertinência da publicação, em função da qualidade do mesmo.
A proposta deste dossiê é tratar de questões relativas ao contexto das grandes metrópoles mundiais as quais registram nos espaços urbanos um conjunto de inscrições produzidas por indivíduos e grupos juvenis. São sinais, vestígios e marcas, de longa ou curta duração que utilizam prioritariamente a linguagem artística como expressão. As ruas, praças, muros e o próprio corpo dos jovens são amiúde utilizados como suportes de uma comunicação que se realiza por meio de símbolos gráficos, imagens e sons. As intervenções artísticas se contrapõem à segregação socioespacial, violência, racismo, individualismo, exclusão social que vêm promovendo o esvaziamento da vida pública, instalando medo e ritos de suspeição em relação aos excluídos. Por meio de performances artísticas os jovens se propõem a ocupar as ruas e praças, enriquecendo-as com cores e tintas, sobrepondo tonalidades e sonoridades que reinventam a paisagem urbana.
As intervenções artísticas juvenis, embora, assumam por vezes caráter autoral, individual, resultam principalmente de ações coletivas. As turmas, gangues, galeras, crews, posses, equipes de baile, grupos teatrais, cooperativa de escritores, revelam uma dimensão do comportamento juvenil de natureza gregária, em que se valoriza a pertença ao grupo e circunscrevem identidades. As inscrições artísticas não se esgotam no urbano, no edificado, exprimem a estilização de grupos, ou seja, uma maneira especial de viver e experimentar a cidade pautando-se em referenciais artísticos. Adornos corporais, correntes alfinetes, piercings, roupas grafitadas, coturnos, dreadlocks, bandanas expressam comportamentos de natureza dramatúrgica. Não há paralelo nesse caso com o experimento do urbano enquanto estilo de vida, marcado pelo ar blasé, pela postura defensiva, indiferente, identificado nos estudos pioneiros sobre as metrópoles. Ao contrário do anonimato e do distanciamento, deseja-se agora visibilidade, interação, participação, coletividade, calor humano.
A arte situada ao nível das práticas juvenis estabelece, nesse sentido, uma ruptura importante com a tradição ocidental. Nesta esfera a produção artística sempre esteve associada à noção de objeto canônico, a ser contemplado à distância, por meio da admiração circunspecta, por isso mesmo o isolamento imaculado nas Grandes Galerias. A práxis artística juvenil, ao contrário, encontra-se nas ruas. Intencionalmente se coloca como provocação cotidiana aos sentidos, ao olhar e aos ouvidos do cidadão comum. Há nessa proposta uma firme intenção em intervir na paisagem urbana. Em desnaturalizar o edificado e as relações sociais, promover o estranhamento, romper com a aceitação passiva da ordem estabelecida. A arte que se encontra inscrita nas praças, becos, vielas, casas noturnas, bares, túneis, muros e postes, é de natureza fugaz, profana, não se importando em ser profanada, em permanecer desprotegida, desabrigada, sujeita à ação de pessoas e ao tempo, porque deseja apenas exprimir-se momentaneamente, manifestar inconformismo, engajamento e protesto. As intervenções artísticas juvenis não se realizam, porém, enquanto experimentos isolados da ordem social mais ampla. Embora elaboradas preliminarmente no circuito underground como prática contradiscursiva, inscrevem-se eventualmente na esfera do mercado de bens simbólicos. Surgem nesses caos tensões peculiares à apropriação da arte enquanto mercadoria. Quando, por exemplo, os grafiteiros deixam as ruas e adentram as Galerias de Arte, bandas de garagem, grupos de rap, punk, funk, kuduro alcançam sucesso fonográfico, escritores marginais passam a ter os livros publicados por grandes editoras, o circuito underground se rompe e o acesso à produção artística se amplia. Diferentes questões, porém, se colocam nesse momento para os artistas e a obra de arte. A fidelização ao grupo, às comunidades locais, a redução do potencial contradiscursivo, especialmente quando o controle do fazer artístico por eles mesmos lhes escapa. As práticas culturais juvenis orientadas para o fazer artístico têm colocado, portanto, questões relevantes não apenas para a compreensão de um grupo etário específico, mas para o entendimento de uma série de problemas emergentes nas grandes metrópoles. Diferentes áreas do conhecimento vêm se ocupando do fenômeno e as interpretações não são necessariamente convergentes. As pesquisas que incorporam o ponto de vista dos jovens sobre os usos e sentidos das intervenções, recuperam também registros iconográficos, discursos, imagens e sons. As Ciências Sociais, Escolas de Artes, Letras e os diferentes subcampos de investigação como Antropologia Urbana, Antropologia Visual, Etnocenologia, Artes Plásticas, Etnomusicologia, Sociologia da Juventude, entre outras, vêm contribuindo com diferentes perspectivas de análise. A organização do Dossiê se apresenta como uma iniciativa ímpar porque possibilita ampliar o debate entre pesquisadores situados em diferentes contextos. Trata-se também de uma oportunidade rara para a publicização de dados etnográficos, explicitação de premissas teóricas, categorias conceituais e metodologias de pesquisa. Sabemos que os novos processos de segregação urbana, as novas mídias, a internacionalização da cultura têm deslocado as tradicionais formas de constituição das identidades de indivíduos e grupos nas metrópoles. As respostas que os segmentos sociais juvenis apresentam se sustentam em grande medida no fazer artístico. Urge, portanto, reunir estudos acadêmicos que mapeiem e analisem a variabilidade dessas intervenções. Tal investimento permitirá cotejar, a um só tempo, análises e reflexões que ampliarão nossa compreensão sobre o fenômeno. Parâmetros para a submissão de artigos e ensaios visuais:http://www.portalseer.ufba.br/
Para os adoradores e apreciadores do graffiti, este documentário com o teaser de 5 minutinhos, retrata o sub-mundo dessa arte urbana e é focada principalmente nos trabalhos do artista britânico Banksy, considerado um dos mais expressivos artistas de rua.
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ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEscrevo para dar um toque que nos dias 22, 23 e 24 de novembro vai
acontecer a terceira edição do *Vídeo Guerrilha*.
Mega projeções nos prédios e instalações artísticas interativas transformam
a Rua Augusta numa galeria ao ar livre.
Em 2011, tive a oportunidade de fazer a curadoria de uma das projeções da
intervenção, a *TELA AUGUSTA 580*.
Com o apoio de Lucca Del Carlo, Panais Bouki, Alexis Anastasiou, Dudão
Melo, Cláudia Souza Gomes e equipe Visualfarm, pudemos ter o inenarrável
prazer de
projetar trabalhos de mestres como *Wilton Azevedo* e *Luiz Gê* (Tubarões
Voadores).
Link do clip *TELA AUGUSTA 580*:
http://www.youtube.com/watch?v=drvyHMGgeF0
Este tipo de manifestação mantém um diálogo com a *intervenção artística
urbana* e com a *Street Art*, uma vez que modifica, mesmo que de maneira
efêmera, a paisagem urbana.
Então é isso, em novembro tem mais!
Abjs
Ricardo Botini (pnd)
Se quiser participar, me dá um alô ou uma olhada no link do site com as
instruções.
http://www.videoguerrilha.com.br/
Colegas,
ResponderExcluirVejam o último número da Cadernos de Arte e Antropologia com o dossiê Juventude e práticas culturais na metrópole! Resultado entre outros, desta postagem...
bjs
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cadernosaa