Dentre as discussões propostas
por teóricas feministas do cinema, duas questões são fundamentais para a
compreensão do lugar historicamente relegado às mulheres na produção
cinematográfica: a participação feminina atrás das câmeras e a sua
representação diante da tela. Assim como ocorre em alguns outros setores do mercado de trabalho, a participação das mulheres no fazer cinematográfico é extremamente
baixa em relação à atuação masculina. Recentemente, as inúmeras críticas
realizadas em torno do filme “Azul é a cor mais quente” (La vie d’Adele, 2013,
Abdellatif Kechiche) sinalizam que ainda há muito que se debater sobre a
representação visual das mulheres e do prazer feminino no cinema, como se vê nos
artigos abaixo:
O que estudos recentes demonstram
é que a produção e a representação não podem ser vistas como elementos
isolados, se considerarmos que o significativo desequilíbrio na participação de
homens e de mulheres no mercado cinematográfico diz muito sobre os olhares e os
discursos construídos pelas narrativas. Uma
pesquisa publicada no site da New York Film
Academy, intitulada Gender Inequality
in Film, mostra dados relevantes sobre como os personagens masculinos e
femininos são retratados nos 500 filmes hollywoodianos de maior sucesso entre
2007 e 2012, como, por exemplo: o percentual de mulheres retratadas
com roupas que possuem conotação sexual é de 28,8%, enquanto a taxa de homens na mesma
situação é de 7%; a porcentagem de adolescentes femininas retratadas em cenas
de nudez aumentou 32,5% entre 2007 e 2012; a presença de personagens femininas
nos filmes aumenta em 10,6% quando a direção é assumida por mulheres, e 8,7%
quando elas são roteiristas.
Em relação à indústria
cinematográfica, o estudo mostra que, dos atores e atrizes mais bem pagos de
Hollywood em 2013, 465 milhões de dólares foram destinados aos homens, em
oposição a 181 milhões de dólares às mulheres, e que a atriz mais bem
remunerada durante o ano, Angelina Jolie, recebeu uma quantia equivalente à da
segunda pior remuneração entre os homens. Na direção dos 250 filmes hollywoodianos
de maior sucesso em 2012, apenas 9% são mulheres e 15% roteiristas, só para
citar algumas das funções apontadas pela pesquisa. Além disso, quando o assunto
é premiação da Academia de Hollywood, em 85 anos, somente 7 produtoras venceram
o prêmio de melhor filme, todas em co-produção com homens, enquanto 8 venceram
nas categorias de melhor roteiro original e melhor roteiro adaptado em toda a
história da premiação.
A pesquisa na íntegra pode ser
acessada no link abaixo:
Mais dados sobre a participação
feminina no cinema hollywoodiano e no brasileiro nos links:
No caso do cinema brasileiro,
vale a pena conferir a dissertação de Paula Alves, “O cinema brasileiro de 1961
a 2010 pela perspectiva de gênero”, defendida em 2011, em que a autora fez uma
análise da participação das mulheres em algumas funções do mercado cinematográfico,
bem como do seu protagonismo nos filmes desse período:
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