Pretende reunir pesquisadores que estudam as múltiplas relações entre Antropologia & Cinema. Em um mundo cada vez mais constituído por fluxos e contrafluxos de narrativas audiovisuais, propõe-se não apenas discutir os enunciados antropológicos de um cinema etnográfico ou de uma antropologia fílmica, mas também o desafio enfrentado pelos antropólogos de empreender uma Antropologia do Cinema.
entre outros na programação haverá Conferências sobre: Cinema, Documento e Resistência
com
Markus Klaus Schäffauer – Universitat Hamburg (Alemanha) e Augusto
Sarmento-Pantoja – Universidade Federal do Pará (Campus de
Abaetetuba)//Doutorando IEL/UNICAMP.
Mesas sobre: Ditadura Cívil-Militar de 1964 no Cinema e na Literatura – narrativas do Araguaia e outras narrativas e Debate: Resistência e Resistentes.
O ingresso de cinema chega a custar 8% do salário mínimo em São Paulo, um verdadeiro roubo!
Mazzaropi
Algo que sem dúvida alguma cresceu junto com a evolução do cinema brasileiro nas últimas duas décadas
é o custo de ir ao cinema no Brasil. É comum pagar, nos dias de hoje,
preços cheios ao redor de 30, 40 reais – isso sem contar transporte,
estacionamento e pipoca.
Só nos últimos oito anos, o valor médio do ingresso (aquele calculado
de acordo com o que é cobrado na prática por todas as salas, incluindo
possíveis descontos) passou de 5,83 a 11,73 reais – um aumento de pouco
mais de 100% – segundo os dados fornecidos pelo Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual.
Segundo uma pesquisa de 2011 do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(a última divulgada pela instituição), São Paulo, uma das cidades mais
custosas do país, tem um dos ingressos mais caros do mundo, superando os
valores cobrados em Nova York, Tóquio e Paris. Atualmente, as entradas
das salas paulistanas mais “exclusivas” chegam a custar 58 reais, que
corresponde a 8% do salário mínimo.
Além de sinalizar que o custo de vida no Brasil está hoje entre os
mais altos, os vários profissionais do setor culpam a meia-entrada –
criada originalmente para estudantes e idosos – por esse susto ao
consumidor.
Cerca de 70% das entradas vendidas no país são “meias”, que
por sinal deixaram de ser um benefício social para se tornar uma
ferramenta de marketing que muitas salas de cinema usam para atrair o
público.
Os descontos de 50% foram estendidos a clientes de bancos, empresas
de telefonia e outros, e, aparentemente, quem não se unir à tendência
vai esvaziar suas salas. “Se não tivesse meia, os preços cairiam de 35 a
40%”, afirma Jean Thomas Bernardini, do Reserva Cultural. Marcelo
França, do Grupo Estação, não pensa diferente: “Os vários tipos de meia
entrada impedem a competição natural entre as salas. Quem tem mais
publicidade, portanto, é quem leva”.
Por outro lado, há certo consenso de que os preços praticados são os
possíveis considerando os investimentos técnicos e os tecnológicos, o
maior poder aquisitivo dos brasileiros e altos impostos cobrados pelo
governo. França diz que “é uma questão física. As salas são menores
hoje, têm em média de 40 a 200 lugares. É como ocupar o voo comercial de
um avião. Se fica vazio, é complicado baratear. A saída seria desonerar
os impostos”.
O 1° EAVAAM terá 07 Grupos de Trabalho como parte de sua
programação. O prazo para a submissão de trabalhos vai até dia 20 de
agosto (próxima quarta-feira , pelo site: www.eavaam2014.com.br
Segue a lista de GT's e seus coordenadores: GT 01- Antropologia do Cinema: entre narrativas, políticas e poéticas. Coordenadores: Marcos Aurélio da Silva (UFSC) e Ana Paula Alves Ribeiro (UERJ)
GT 02- Entre texturas e sinuosidades: articulações entre antropologia visual, gêneros e sexualidades Coordenadores: Ramon Pereira dos Reis (USP) e Milton Ribeiro da Silva Filho (UFPA)
GT03- Imagens da cidade: usos da fotografia nos estudos urbanos Coordenadores: Jesus Marmanillo Pereira (UFPB) e Anne Caroline Nava Lopes (UFMA)
GT 04- Masculinidades e Feminilidades em imagens midiáticas Coordenadores: Edyr Batista de Oliveira Júnior (UFPA) e Manuela do Corral Vieira (UFPA)
GT 05- Imagens sobre infâncias, juventudes, cultura e sexualidade Coordenadoras: Maria do Socorro Rayol Amoras Sanches (UFPA) e Telma Amaral Gonçalves (UFPA)
GT 06- Imagem, imaginário e ética na sociedade contemporânea. Coordenadores: Jones da Silva Gomes (UFPA) e Hélio Figueiredo da Serra Netto (UFPA)
GT 07- Pesquisas de campo em Antropologia Visual - diálogos contemporâneos Coordenador: Rubens Elias da Silva (UFPB).
[Luigi Pensuti, animador anarquista e antifascista foi
reprimido por Mussolini, embora o ditador tenha usado seu trabalho em
campanhas de propaganda.]
Os curtas de animação de Luigi “Liberio” Pensuti, o “Walt Disney
italiano”, antifascista e anarquista cujos trabalhos foram utilizados
paradoxalmente por Mussolini para suas campanhas de propaganda contra a
tuberculose, acabam de ser restaurados.
A recomposição destes anúncios, com a qual colaboraram a Cineteca de
Milão, o Instituto della Luce e o Cinema ritrovato de Bolonha, foi uma
das novidades do festival Mostra del Nuovo Cinema de Pesaro, cuja
quinquagésima edição acaba amanhã na cidade de Las Marcas (centro da
Itália).
Este pioneiro da animação italiana, anarquista e anticolonial, como
sugere seu apelido “Liberio”, foi vítima da repressão da ditadura de
Benito Mussolini, que o levou a perder seu posto no Instituto della Luce
por não ter se afiliado ao Partido Nacional Fascista e engrossar a
temida lista negra do Duce.
O prestígio e a popularidade de Pensuti, que começou trabalhando em
fins dos anos vinte do século passado com gênios como Carlo Cossio ou
Trilussa, após uma experiência na França com a companhia de marionetes
de Piccoli di Podrecca, continuou crescendo ao longo da década seguinte.
Entretanto, o diretor da Cineteca de Milão, Matteo Pavesi, disse que
os três arquivos reconstruídos “fazem parte de uma campanha publicitária
que foi exibida durante 10 anos”, nos anos trinta do século passado,
quando Pensuti trabalhava para uma associação contra a tuberculose a
serviço do regime, não para ele.
Mas Pensuti também combinou a criação de atrevidas paródias contra o
colonialismo e o fascismo, como “Il Dottor Churkill” ou “Ahi Hitler!”
entre 1940 e 1942 no estilo de Walt Disney com sua sátira de Mickey
Mouse e Pluto sobre os nazis em plena Segunda Guerra Mundial.
Para Pavesi, a estética dos desenhos do mestre italiano “se parece
muito com a do primeiro Disney, o primeiro Mickey Mouse, embora menos
antropomórfico”.
“A diferença está em que Disney combina elementos animais e humanos”,
continua, “enquanto Pensuti é mais realista; de fato, servirá de
inspiração para autores do pós-guerra”, que deram vida, por exemplo, ao
mítico Calimero para um anúncio de detergentes no “Carosello”, os
anúncios que a Rai divulgava em seus princípios.
Desde que o Min-CulPop (Ministério da Cultura Popular) censurou
rapidamente uma de suas obras primas, “La vispa Teresa”, da qual disse
que provocava um dano nocivo à “sacralidade da família” e incitava a
prostituição, as obras precedentes com Trilussa foram retiradas do
mercado.
Essas primeiras obras serviriam de inspiração a um jovem Roberto
Rosellini que despontaria mais adiante e permitiram a Mussolini, apesar
de tudo, apreciar em Pensuti um talento cinematográfico inquestionável.
O ditador italiano, grande aficionado por desenhos animados e
consciente de suas enormes possibilidades de propaganda, não duvidou em
contar com os serviços do “Disney italiano” apesar de sua negativa em
aderir ao regime.
O estilo de Pensuti, nas palavras de Matteo Pavesi, “mudou
substancialmente, de um estilo mais livre em pleno nascimento do cinema
sonoro, a outro mais simples para todos os públicos, de crianças a
pessoas analfabetas, utilizando a estrutura narrativa própria do cinema
mudo, com músicas mais clássicas”, de acordo com a ditadura.
Os anúncios de Luigi Liberio Pensuti para as campanhas de propaganda
de Mussolini contra a tuberculose serviram, de alguma forma, para
continuar uma carreira artística que parecia truncada para sempre pela
censura.
Pensuti morreu jovem, em 1945, e muitos de seus trabalhos
desapareceram com ele e a ditadura para sempre, embora Pavesi sustente
que alguns, como estes, “podem ser recuperados”, e com eles, a marca de
um gênio que esteve adiante de seu tempo apesar das dificuldades.