O cineasta, ator, diretor e ativista Zózimo Bulbul morreu aos 75 anos depois de sofrer uma parada
cardíaca, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. E será enterrado hoje no Caju
O carioca iniciou a carreira em produções
teatrais no centro popular de cultura da UNE. Na TV ele foi o primeiro
protagonista negro de uma novela brasileira,
fazendo um casal inter-racial com Leila Diniz em Vidas em Conflito na TV
Excelsior em 1969. Ousado para a época, o romance entre um negro e uma branca foi retratado
sem traços de intimidade entre eles. Após pressão dos atores para que
houvesse uma cena de beijo, a
trama foi alterada e o casal, desfeito.
Foi ainda o primeiro manequim negro masculino de uma
grife de alta costura.
Nascido Jorge da Silva, o ator iniciou sua carreira no Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, em 1960.
Adotou seu nome artístico ao começar a se destacar em filmes como Cinco Vezes Favela (1962)-no episódio dirigido por Leon Hirszman-, e Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.
Ator e diretor de mais de 30 filmes e 50 anos de
carreira Ele foi um dos ícones negros dos
anos 60 e do "Cinema Novo". Também fez participações importantes em filmes como Ganga Zumba (1963) e Quilombo (1984), de Cacá Diegues.Outro destaque na carreira
cinematográfica foi a atuação em Compasso de Espera (1969-1973), quando fez par
romântico com uma menina branca, interpretada pela atriz Renèe de
Vielmond. Como cineasta, dirigiu filmes como o curta Alma no Olho (1973) (confira acima) e Abolição (1988) (confira abaixo, o já clássico filme relatando a verdadeira História do negro na Pindorama ocupadal) onde marcando o
centenário do fim da escravidão, analisava a situação dos negros brasileiros nos cem anos
seguintes à proclamação da Lei Áurea. O filme foi premiado no Festival
de Brasília e no Festival Latino-Americano de Nova York em 1989.
Adotou seu nome artístico ao começar a se destacar em filmes como Cinco Vezes Favela (1962)-no episódio dirigido por Leon Hirszman-, e Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.
A pouca repercussão do longa no Brasil o deixou frustrado. Para promover
o cinema negro, criou um festival internacional e o Centro Afro Carioca
de Cinema, no Rio.
Sua militância fez com que ele fosse um dos personagens entrevistados pelo cineasta americano Spike Lee para seu documentário "Go, Brazil, Go!", em produção.
Sua militância fez com que ele fosse um dos personagens entrevistados pelo cineasta americano Spike Lee para seu documentário "Go, Brazil, Go!", em produção.
O ator sofria de
câncer no intestino, que atingiu cérebro quando a metástase foi descoberta, foi recomendado sua
internação. Ele optou por ficar em casa. "Ele estava muito doentinho, sofrendo demais", disse o cineasta Cacá Diegues, que dirigiu Bulbul em Ganga Zumba (1963).
"Não era só um ator de qualidade, mas um ícone e líder do movimento negro. Tinha uma capacidade imensa de agregar pessoas em torno dele. Fará falta porque tinha um papel artístico e político muito importante", disse Diegues.
"Não era só um ator de qualidade, mas um ícone e líder do movimento negro. Tinha uma capacidade imensa de agregar pessoas em torno dele. Fará falta porque tinha um papel artístico e político muito importante", disse Diegues.
Em 2007, Zózimo criou o Centro Afro Carioca de Cinema, no bairro da
Lapa, onde realiza festivais sobre cinema negro anualmente dentro do
Brasil e fora do país. No fim de 2012, organizou a 6ª edição do Encontro de Cinema Negro Brasil, África & Américas. Os encontros continuarão a
ser realizados no espaço como uma homenagem ao artista.
"O Zózimo além de ter uma importância como ator, diretor e pessoa, ele tinha uma força muito grande e a palavra dele sempre foi resistência, e resistiu o que pode. Ele reuniu mais de 80 cineastas gringos, teve projetos para as novas gerações. Ele está deixando um legado, é uma pena que ele não tenha conseguido fazer tudo, ele tinha muitos planos pra esse ano, queria fazer muito mais", disse Monalysa.
Zózimo Bulbul dedicou a carreira
ao resgate do que chamava de "africanidade através do cinema". Nos
últimos anos o artista trabalhava em projetos de oficinas de cinema para
estudantes do Senegal e de Cabo Verde.
"Muito triste a perda do Zózimo. Grande ator, cineasta e amigo", disse
Lázaro Ramos. "Foi contando a história dele que comecei a dirigir.
Descobri que ele foi o primeiro negro protagonista masculino de uma
telenovela no Brasil. Saber que ele foi ator do único filme dirigido por
Antunes e tantas outras coisas me revelou um novo mundo. Ao fim da
entrevista ele me disse de uma forma intensa e emocionada: 'Isto aqui
(apontando para a câmera) é uma arma. Use-a'".
Vejam os outros filmes citados que Zózimo Bulbúl participou em: http://antrocine.blogspot.com.br/2012/08/vejam-o-cinema-brasileiro-dos-classicos.html
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